Setembro Acende a Luz: Apesar do Aumento no Consumo de Eletricidade, Renováveis Marcam Baixa Histórica em Outubro

O consumo elétrico subiu e o conforto térmico voltou ao centro da conversa: setembro aqueceu a procura e outubro ficou marcado por um recuo histórico das renováveis, forçando mais gás natural e importações. Este é um momento-chave para compreender o sistema e, sobretudo, ajustar a casa para pagar menos e viver melhor.

Se procura orientações claras e aplicáveis, aqui estão os dados essenciais e os passos práticos para transformar a sua habitação num espaço mais eficiente, resiliente e confortável.

Pouco tempo? Aqui está o essencial:
Em outubro, a eletricidade consumida aumentou 1,2% em relação ao ano anterior; as renováveis cobriram 50% da procura e caíram para mínimos desde setembro de 2023
As importações atingiram quase 32% (máximo do ano), enquanto o gás natural ganhou peso na produção 💨
Consumo de gás para produzir eletricidade subiu 121,7%; o segmento elétrico representa 35,1% do gás total, o resto é consumo convencional 📈
Para reduzir a fatura: sombreamento, setpoints de 25–26°C, ventilação noturna, gestão de cargas, e autoconsumo fotovoltaico ☀️

Setembro acende a luz: calor impulsiona consumo e renováveis marcam baixa histórica em outubro

As últimas leituras do sistema elétrico mostram um cenário claro: procura mais alta combinada com produção renovável mais baixa. Em outubro, o consumo de eletricidade cresceu 1,2% em relação ao mesmo mês do ano anterior, impulsionado por mais atividade econômica e por condições meteorológicas menos favoráveis às fontes limpas. Resultado? Renováveis a responder por 50% da procura, o valor mais baixo desde setembro de 2023, e um reforço do gás natural e das importações para fechar o balanço.

Segundo dados de operação, a composição renovável ficou distribuída entre eólica (21,3%), hídrica (12,3%), solar fotovoltaica (11,1%) e biomassa (5,4%). Isto significa que metade do sistema foi suportada por recursos endógenos, mas a outra metade exigiu 18% de fontes não renováveis e, sobretudo, 32% de importações — o valor mais alto do ano. Quando o vento abranda, os reservatórios estão mais contidos e a radiação solar baixa, a rede compensa com gás em centrais de ciclo combinado e com energia comprada lá fora.

O comportamento do consumo não surpreende. No sul da Europa, ondas de calor em setembro têm sido mais frequentes, tal como se observou no Brasil, onde a procura saltou com ar condicionado a trabalhar no limite. O padrão repete-se: supermercados, serviços e habitação reforçam a climatização para garantir conforto, deslocando picos de carga para as horas mais quentes da tarde. Em Portugal, esse efeito estendeu-se ao início do outono, amplificando a necessidade de flexibilidade do sistema.

Porque é que isto interessa à sua casa? Com um sistema mais dependente de importações e gás, a sensibilidade a preços e a volatilidade aumentam. Pequenas decisões diárias — como programar eletrodomésticos fora dos picos ou melhorar sombreamento — podem travar a fatura imediatamente e reduzir a pressão sobre a rede nos dias críticos.

  • 🌬️ Menos vento, mais gás: quando a eólica cai, o ciclo combinado ganha protagonismo.
  • 🌊 Hídrica limitada: afluências fracas restringem turbinagem em outubro.
  • ☀️ Fotovoltaico sazonal: dias mais curtos e nebulosidade reduzem a produção solar.
  • 🔌 Picos de consumo diurnos: ar condicionado e refrigeração elevam a carga nos períodos quentes.

Para visualizar o peso de cada componente no mês, observe a repartição simplificada abaixo.

Componente ⚙️ Quota em outubro 📊 Observação 🔎
Renováveis (total) 50,0% Mínimo desde setembro/2023
Eólica 21,3% Dependente de regimes de vento
Hídrica 12,3% Afluências contidas no outono
Solar fotovoltaica 11,1% Menos horas de sol
Biomassa 5,4% Apoio de base
Não renováveis 18,0% Termoelétricas e cogeração
Importações ≈32,0% Máximo do ano

O que significam 32% de importações para o utilizador final

Importar quase um terço da eletricidade traduz-se em maior exposição aos mercados ibéricos e europeus. Em períodos de estresse térmico, os vizinhos também consomem mais e o preço tende a subir. Para o consumidor doméstico, a resposta passa por diluir consumos ao longo do dia e por investir em medidas passivas que reduzam a necessidade de climatização.

Em síntese, o sistema fez o que deve: garantiu fornecimento. Cabe agora às habitações reduzir a procura inútil e alinhar hábitos com a disponibilidade energética.

descubra como, mesmo com o aumento do consumo de eletricidade em setembro, as energias renováveis atingiram uma baixa histórica em outubro. analise os fatores que impactaram esse cenário no setor energético português.

Como reduzir o uso de ar condicionado e manter conforto quando a rede está pressionada

Nos dias de calor tardio, a climatização dispara. A boa notícia é que estratégias simples na envolvente e no uso dos equipamentos reduzem a carga elétrica sem sacrificar conforto. Uma habitação que sombra, ventila e isola corretamente precisa de menos frio mecânico; se ainda assim for necessário ar condicionado, convém operá-lo com setpoints inteligentes e ciclos curtos.

Imagine um apartamento T2 em Setúbal com orientação sudoeste. Ao aplicar estores exteriores, películas de controlo solar e um ventilador de teto, a temperatura interior pode cair 2–3°C sem ligar o AC. Complementando com ventilação noturna e desumidificação em dias húmidos, o conforto estabiliza e a conta desce.

  • 🌡️ Setpoint a 25–26°C: cada grau a menos pode aumentar 6–8% no consumo.
  • 🌓 Ventilação noturna: janelas opostas abertas e portas interiores destrancadas criam varrimento térmico.
  • 🪟 Sombreamento exterior: lonas, brises e estores do lado de fora cortam ganhos solares antes do vidro.
  • 💧 Desumidificação: 50–60% de HR parece mais fresco sem baixar tanto a temperatura.
  • ⏱️ Agendamento: pré-arrefecer espaços ocupados e desligar quando vazios.

Para orientar decisões rápidas, o quadro abaixo resume impactos típicos, custos e nível de dificuldade.

Medida 🛠️ Poupança estimada ⚡ Custo 💶 Dificuldade 🧩
Sombreamento exterior 10–25% no frio Médio Média
Setpoint 25–26°C 6–15% no AC Nulo Baixa
Ventilador de teto Até 30% menos uso do AC Baixo Baixa
Película no vidro 5–10% Médio Média
Ventilação noturna 3–7% Nulo Baixa

Gestão de cargas: o que ligar, quando ligar

Quando a rede está pressionada, vale a pena deslocar consumo para fora das horas quentes. Equipamentos como esquentador elétrico, máquina de lavar e secador funcionam melhor em horários de menor procura. Cronómetros e tomadas inteligentes ajudam a cumprir a rotina sem esforço.

  • 🕒 Programar lavagens para a madrugada ou final da noite.
  • 🌬️ Usar “modo eco” e baixas rotações sempre que possível.
  • 🔌 Desligar cargas latentes (standby) com fichas comutadas.

Se existir fotovoltaico em autoconsumo, priorize usos durante o pico solar (11h–16h). Assim, compra-se menos energia nos momentos caros e a instalação “paga-se” mais depressa.

Depois de afinar o lado do consumo, convém perceber como o sistema está a ser abastecido quando as renováveis falham — e o papel do gás torna-se decisivo.

Gás natural e importações: o que muda no mix elétrico e como isso chega à sua fatura

Com as renováveis nos 50%, o gás natural voltou a ser o estabilizador do sistema. O consumo de gás no total cresceu 18,0% em outubro, com destaque para o uso em produção elétrica, que disparou 121,7%. Em termos de repartição, o mercado elétrico — essencialmente centrais de ciclo combinado — representou 35,1% do gás, ao passo que o mercado convencional (indústria e usos térmicos) ficou com 64,9%, em queda de 5,8% em relação ao período homólogo.

Do lado do abastecimento, a carteira manteve-se concentrada: Estados Unidos (48,3%) e Nigéria (43,7%) dominam, com Espanha (~8%) a dar apoio. Esta diversificação geográfica reduz riscos, mas a volatilidade internacional continua a influenciar custos marginais quando o ciclo combinado entra com força.

Para o consumidor doméstico, três implicações são tangíveis. Primeiro, preços mais sensíveis em picos, quando o gás marginal define o custo. Segundo, benefício direto de reduzir consumo nas horas caras através de gestão de cargas. Terceiro, a oportunidade de aproveitar tarifas com períodos horários — se existir essa opção no seu comercializador.

  • 💡 Gestão ativa: mover lavagens e aquecimentos para períodos económicos reduz custos.
  • 🔁 Flexibilidade térmica: casas com boa inércia toleram amplitude sem ligar equipamentos.
  • ☀️ Autoconsumo: fotovoltaico cobre base diurna e corta compras ao preço marginal.

O quadro abaixo ajuda a relacionar o comportamento do gás com o seu impacto no dia a dia.

Indicador ⛽ Valor/variação 📈 Impacto prático 🏠
Gás para eletricidade +121,7% Maior sensibilidade de preço nas horas de ponta
Gás total +18,0% Mais uso das centrais de ciclo combinado
Mercado elétrico 35,1% do gás Carga marginal define custo
Mercado convencional 64,9% (−5,8% a/a) Indústria mais eficiente e sazonalidade
Origem EUA 48,3% Exposição a Henry Hub e LNG spot
Origem Nigéria 43,7% Carteira LNG africana equilibrada
Espanha ≈8% Apoio ibérico e interligações

Como amortecer os picos sem perder conforto

Existem duas alavancas imediatas na habitação: redução da potência coincidente e adiamento de cargas térmicas. Um termoacumulador com programador, paredes com massa térmica exposta e uma cortina térmica bem aplicada fazem uma diferença que se sente no bolso. Em edifícios com pré-instalação fotovoltaica, investir em 1,5–3 kW de pico pode cobrir base diária, libertando a rede nos momentos críticos.

Compreender o sistema não é um fim em si mesmo: é a base para decisões domésticas mais inteligentes, sobretudo quando a arquitetura da casa entra em campo.

Arquitetura passiva e materiais naturais: diminuir a dependência de climatização elétrica

Quando o calor bate à porta em setembro e a produção renovável decepciona em outubro, a melhor defesa é uma casa que trabalha a seu favor. Arquitetura passiva é simples no princípio e rigorosa na execução: orientação, sombreamento, isolamento, inércia térmica e estanquidade controlada. Somando materiais naturais — como madeira, cortiça e argamassas de cal — obtém-se conforto estável e ar mais saudável.

Nos projetos residenciais mais eficientes, a fachada nascente/poente recebe brises e beirais calibrados, enquanto a sul recebe palas dimensionadas para bloquear o sol alto de verão e deixar entrar o sol baixo de inverno. O teto é isolado com cortiça expandida e as carpintarias montam vidro baixo emissivo com caixilharia estanque. Resultado: menos calor a entrar quando não interessa e menos frio a fugir quando precisamos dele.

  • 🧱 Inércia térmica: paredes de maior massa reduzem picos de temperatura.
  • 🪟 Vidro certo, lado certo: ganhos solares úteis a sul no inverno; controlo a poente no verão.
  • 🌿 Materiais naturais: regulam humidade e melhoram o conforto higrotérmico.
  • 🔁 Ventilação controlada: ar novo com recuperação de calor evita perdas.

Um caso ilustrativo: moradia geminada em Évora, com 140 m², que substituiu estores interiores por screen microperfurado exterior, adicionou 8 cm de isolamento em cobertura e expôs um troço de parede de taipa como massa térmica. No primeiro outono após a intervenção, a necessidade de ar condicionado caiu cerca de 28% e a sensação de conforto subiu, mantendo 25–26°C com humidade perto dos 55% em dias muito quentes.

Solução passiva 🧭 Efeito térmico 🌡️ Benefício elétrico ⚡
Brise-soleil a poente −2 a −3°C no pico Menos horas de AC
Isolamento em cobertura Reduz ganhos e perdas Picos mais baixos, potência menor
Vidros baixo emissivos Limita radiação e perdas Climatização mais estável
Ventilação com recuperação Renova ar sem arrefecer Menos uso de resistências
Sombras sazonais a sul Sol no inverno, sombra no verão Menos energia todo o ano

Para aprofundar soluções práticas e exemplos reais de obra, vale explorar conteúdos especializados e guias de autoconsumo. Uma boa porta de entrada é a partilha de experiências em plataformas dedicadas ao habitat sustentável, como Ecopassivehouses.pt, onde ideias e detalhes construtivos são traduzidos para decisões do dia a dia.

Com a envolvente a trabalhar melhor, chega a hora de olhar para a energia ativa: produção, armazenamento e gestão inteligente.

Preparar a casa para o outono/inverno: autoconsumo, baterias e gestão de carga

Com importações em 32% e gás a subir, cada quilowatt hora poupado conta. A combinação de fotovoltaico em autoconsumo, uma pequena bateria doméstica e gestão de cargas por horários reduz compras nos momentos caros e estabiliza o conforto. Mesmo sem grandes investimentos, há ganhos imediatos com programação e hábitos consistentes.

Numa habitação com 2–3 kW de PV, aquecimento de águas sanitárias por termoacumulador pode ser programado para o pico solar, enquanto máquina de lavar e lava-louça funcionam entre 14h e 16h. À noite, a bateria cobre iluminação e eletrônica, evitando picos da rede. Se não existir bateria, uma estratégia de pré-aquecimento e boa estanquidade reduz o uso de resistências nas primeiras horas frias.

  • 🔋 Bateria 3–5 kWh: cobre a base noturna e suaviza picos.
  • 🗓️ Timers e cenas: automações simples criam rotinas de eficiência.
  • 🌞 Água quente ao sol: priorizar consumo térmico com produção PV.
  • 📶 Monitorização: medir é o primeiro passo para otimizar.

O quadro a seguir mostra uma rotina tipo de gestão de cargas para maximizar produção própria e minimizar compras em horas caras.

Janela horária 🕘 Ação recomendada ✅ Objetivo 🎯
07h–10h Iluminação eficiente, evitar resistências Reduzir picos matinais
11h–16h Termoacumulador, lavagens, cozinha elétrica Consumir produção solar
17h–21h Usar bateria, adiar cargas não críticas Evitar ponta da rede
22h–00h Secagem e lavagens remanescentes Tarifa mais baixa / fora de pico
00h–06h Repor SOC da bateria se houver tarifa económica Preparar o dia seguinte

Começar pequeno, acertar depressa

Nem sempre é preciso uma instalação grande para colher benefícios. Um kit de 1,5–2 kW já cobre base diurna de um T2 eficiente. Ao combinar isto com vedação de infiltrações (vedantes, caixas de estore tratadas) e cortinas térmicas, o conforto sobe e a exposição à rede em momentos caros desce. A chave está em executar bem o básico e medir o impacto para calibrar os passos seguintes.

Entre ajustar hábitos, reforçar sombreamento e planejar um pequeno autoconsumo, a casa ganha autonomia e a fatura agradece. Uma ação simples para começar hoje? Definir o setpoint do AC para 26°C, baixar estores do lado do sol direto e programar as lavagens para o período solar ou fora de ponta. Pequenas vitórias, somadas, fazem toda a diferença.

Fonte: dinheirovivo.dn.pt

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Rolar para cima