Com cerca de 300 dias de sol por ano, Portugal oferece condições ideais para aplicar os princípios da arquitetura bioclimática.
Ao longo desta página, descubra as regras fundamentais e estratégias essenciais para construir a sua casa bioclimática em Portugal.
Princípios fundamentais para projetar uma casa bioclimática em Portugal
A arquitetura bioclimática baseia-se principalmente na integração da construção com o meio ambiente, adaptando o edifício ao seu contexto natural em vez de o modificar.
Durante a fase de conceção, é essencial considerar os seguintes parâmetros:
- Fatores ambientais: clima, orientação solar, ventos dominantes e disposição do terreno;
- Maximização dos ganhos solares passivos através de vãos envidraçados orientados a sul;
- Prevenção do sobreaquecimento no verão com o uso de sombras, persianas ajustáveis e vegetação apropriada (como árvores de folha caduca);
- Preferência por formas compactas para reduzir perdas térmicas;
- Aproveitamento máximo da luz natural;
- Aberturas em paredes opostas para favorecer a ventilação cruzada.
Arquitetura bioclimática: um conceito com raízes antigas
Embora o termo seja recente, o conceito de arquitetura bioclimática remonta à Antiguidade. Desde muito cedo, os seres humanos adaptaram as suas construções ao clima e ao ambiente local.
Antes da utilização generalizada dos combustíveis fósseis para aquecimento, era comum aproveitar a energia solar para aquecer os espaços no inverno, enquanto no verão as construções vizinhas serviam de barreira natural contra o calor excessivo.
Exemplos históricos de soluções bioclimáticas:
- Natufianos (10 000 a.C.): escavavam as suas habitações cerca de 1,40 m abaixo do solo para manter uma temperatura interior estável e agradável.
- Mureibetanos (8 500 a.C.): protegiam as suas casas do sol cobrindo os telhados com camadas espessas de juncos (entre 60 e 80 cm) e orientavam as construções a sul, utilizando tampas horizontais de 2,20 m como proteção solar.
- Egípcios do Novo Reino (1 800 a.C.): construíam adegas subterrâneas sob as casas, onde o ar fresco da noite era armazenado e depois libertado durante o dia para refrescar os ambientes.
Orientação e distribuição ideal de uma casa bioclimática
A orientação correta da casa no terreno é essencial para maximizar os ganhos solares no inverno e reduzir o aquecimento excessivo no verão.
Recomenda-se posicionar as divisões menos utilizadas — como banheiros, garagem, lavanderia, corredores e escadas — a norte, pois estas funcionam como uma zona de amortecimento térmico, reduzindo até 30% das perdas de calor nas paredes em contato com essas áreas.
Já as zonas de estar (sala e sala de jantar) devem ser orientadas a sudoeste, enquanto os quartos beneficiam de uma orientação a este, permitindo luz natural matinal e melhor conforto térmico ao longo do dia.
A criação de barreiras solares é outro elemento fundamental no projeto bioclimático. Essas barreiras podem ser formadas por edifícios vizinhos ou vegetação, que atuam como obstáculos naturais à radiação solar direta.
Durante o verão, elementos como coberturas, árvores de folha caduca e estruturas de sombreamento orientadas a sul e a oeste ajudam a reduzir a entrada excessiva de calor, proporcionando proteção térmica natural.
Em termos de aberturas envidraçadas, recomenda-se que a área total de janelas não ultrapasse 20% da área útil da habitação, com a seguinte distribuição ideal:
- 50% das janelas voltadas a sul
- 20–30% voltadas a este
- 15% voltadas a oeste
- 0–20% voltadas a norte
