Uma edição dedicada ao que realmente baixa faturas e emissões: eficiência energética e fontes renováveis aplicadas à casa e ao condomínio. O foco é prático, com decisões que pode tomar já e ferramentas digitais que aceleram cada projeto.
Peu de temps ? Voici l’essentiel :
| ✅ Pontos-chave ⚡ | Valor prático 🛠️ |
|---|---|
| ✅ Envelope térmico e ventilação eficiente | Menos perdas, mais conforto e ar saudável 🏡 |
| ✅ Solar fotovoltaico + bomba de calor | Calor limpo com custo nivelado competitivo ☀️ |
| ✅ Datachek 2.0, ETIM e Passaporte Digital | Especificação sem erros e decisões mais rápidas 💻 |
| ✅ Materiais de baixo carbono | Cortiça, madeira estrutural e betões otimizados 🌱 |
| ✅ Comunidade e literacia energética | Hábitos + ferramentas = ganhos imediatos 👨👩👧👦 |
Edição 213 — Eficiência energética na habitação: como obter ganhos rápidos e duradouros
Eficiência é primeiro investimento: reduz a necessidade de energia antes de a produzir. Ao reforçar isolamento, controlar infiltrações e otimizar a ventilação, a casa fica mais estável termicamente e a climatização trabalha menos horas.
O ponto de partida é o envelope térmico. Coberturas bem isoladas cortam trocas de calor e evitam sobreaquecimento no verão. Paredes com cortiça ou lã mineral equilibram inércia e acústica. Janelas com vidro duplo baixo emissivo e caixilharia estanque reduzem perdas e condensações.
Depois, entra a ventilação com recuperação de calor (VMC). Em climas costeiros, a VMC garante ar novo sem penalizar a energia. Uma unidade com eficiência de 80% reaproveita o calor do ar extraído para aquecer o ar de admissão, mantendo a casa fresca no verão e acolhedora no inverno.
Envelope, ar e luz: a tríade que sustenta conforto
A iluminação LED substitui lâmpadas antigas com reduções superiores a 70% no consumo. Em cozinhas e escritórios, sensores de presença e regulação de fluxo evitam desperdícios. A combinação com claraboias tubulares ou sombreamentos móveis melhora a luz natural e diminui cargas térmicas.
Um fio condutor útil é a medição. Tomadas inteligentes e contadores setoriais revelam consumos ocultos de frigoríficos, bombas de piscina e routers. Quando se enxerga o que cada circuito consome, as prioridades deixam de ser teóricas e tornam-se intervenções com retorno.
- 🧭 Priorize a cobertura: isolamento na cobertura pode reduzir em 15–25% o aquecimento e evitar picos de verão.
- 🪟 Janelas bem ajustadas: vedantes e calços evitam infiltrações; película de controlo solar em fachadas poentes.
- 💨 VMC com filtros: qualidade do ar interior consistente, menos humidade e mofo.
- 💡 LED e dimerização: menos watts, mais conforto visual.
- 📊 Medição: identifique “vampiros” e elimine stand-by desnecessário.
| Medida 🔧 | Poupança típica 📉 | Payback estimado ⏱️ | Notas 🗒️ |
|---|---|---|---|
| Isolamento de cobertura (8–12 cm) | 15–25% aquecimento ❄️ | 3–6 anos | Trabalho limpo e rápido, impacto imediato |
| VMC com recuperação (80%) | 10–20% climatização 🌬️ | 5–8 anos | Mais conforto e ar saudável |
| LED + sensores | 70–85% iluminação 💡 | 1–2 anos | Baixo custo, alto retorno |
| Controlo de infiltrações | 5–10% aquecimento 🧱 | 2–4 anos | Fitas e vedantes bem aplicados |
Estudo de caso: a “Casa Atlântica”, reabilitada em Aveiro, combinou cortiça projetada, caixilharia estanque e VMC. O aquecimento anual baixou 28% e o conforto melhorou mesmo em dias húmidos. Tudo com intervenções de obra curta e planificação rigorosa.
Se tem dúvidas por onde começar, um diagnóstico térmico simples com termografia e blower door dá-lhe um mapa de decisões com base em factos.

Edição 213 — Fontes renováveis para casas e condomínios: solar, eólica urbana e biomassa inteligente
Com a base eficiente, entra em cena a produção limpa. O fotovoltaico residencial democratizou-se e a orientação a sul com 10–30° de inclinação entrega bons produtividades. Em Portugal, 1 kW de painéis pode gerar cerca de 1.300–1.600 kWh/ano, dependendo da região.
Para água quente, o solar térmico continua imbatível em simplicidade. Um campo de 2–3 m² por fração cobre boa parte das duchas em meses de sol. Em sistemas híbridos, uma bomba de calor completa o serviço nos dias nublados com COP elevado.
Solar + bomba de calor: o “par perfeito” da climatização limpa
Bombas de calor ar‑água ou ar‑ar com COP 3,2–4,5 reduzem custos de aquecimento e arrefecimento e, quando alimentadas por PV, atingem um custo nivelado de calor muito competitivo. A integração com depósitos de inércia e controlo por horários maximiza o autoconsumo.
E a eólica urbana? Em muitos cenários, a turbulência nas cidades e limitações de ruído reduzem a viabilidade. Há exceções em encostas abertas ou edifícios altos expostos a ventos constantes, onde microturbinas podem complementar o mix, mas requerem estudos de vento e licenciamento cuidados.
- ☀️ Fotovoltaico: priorize consumo diurno (lavar/aspirar em horas solares) para subir o autoconsumo.
- 🔥 Solar térmico: termossifão em moradias, forçado em edifícios com salas técnicas.
- 🌬️ Eólica urbana: use apenas com medição anemométrica prévia e modelação CFD.
- 🪵 Biomassa moderna: salamandras a pellets seladas, rendimento 85–90% e controlo de emissões.
- 🔋 Armazenamento: baterias + gestão de cargas para aproveitar picos solares.
| Tecnologia ⚙️ | Indicador médio 🇵🇹 | Custo nivelado 💶/kWh | Observações 📝 |
|---|---|---|---|
| PV residencial | 1.300–1.600 kWh/kWp/ano ☀️ | 0,04–0,08 | Autoconsumo é rei; inclinação 10–30° |
| Solar térmico | 400–600 kWh térm./m²/ano ♨️ | 0,03–0,06 | Ideal para AQS; manutenção simples |
| Bomba de calor | COP 3,2–4,5 ❄️🔥 | 0,05–0,07 (calor) | Excelente com PV; precisa de boa instalação |
| Eólica urbana | Altamente variável 🌬️ | 0,15–0,30 | Usar apenas em sítios muito favoráveis |
| Biomassa pellets | Rendimento 85–90% 🪵 | 0,06–0,08 | Verificar qualidade do combustível |
Caso real: no “Condomínio Ribeirinha”, no Grande Porto, a combinação de 20 kWp de PV partilhado, bombas de calor ar‑água e AQS solar reduziu 42% da energia comum e 25% das faturas em frações aderentes. Gestão ativa de cargas nos elevadores e garagem fez a diferença.
Se pondera armazenamento, dimensione para cobrir picos de fim de tarde, e não para “zerar” a rede. A rede é um ativo; o objetivo é reduzir custos e emissões com bom senso.
Edição 213 — Digitalização do setor: Datachek 2.0, ETIM e Passaporte Digital de Produto
A conectividade entre quem projeta, fornece e constrói é agora determinante. O Datachek 2.0 foi relançado com arquitetura mais robusta, ligando Fabricantes, Distribuidores, Projetistas, Construtores e Donos de Obra, e trazendo dados confiáveis e atualizados para a tomada de decisão.
Com classificação ETIM, o catálogo partilhado evita ambiguidades de descrição e assegura comparabilidade técnica. O Passaporte Digital de Produto agrega desempenho ambiental, EPD e características críticas, preparando o setor para requisitos regulatórios e para a economia circular.
Menos erros, mais decisões certas
Num mercado competitivo, os tempos de resposta contam. Projetos que trabalham com catálogos harmonizados reduzem conflitos em obra e RFIs. A atualização dinâmica impede especificações obsoletas e substituições improvisadas com risco de incompatibilidade.
Exemplo prático: na reabilitação da “Escola da Ria”, em Aveiro, a equipa integrou Datachek 2.0 no BIM. Resultado? Menos 35% de pedidos de esclarecimento, 22% de redução de desperdício de material e prazos cumpridos, graças a fichas técnicas consistentes e logística alinhada.
- 📚 Normalize dados: adote ETIM e campos mínimos para todos os fornecedores.
- 🧩 Integre com BIM: modelos com artigos e atributos verificáveis.
- ♻️ Inclua EPD: capture emissões incorporadas e durabilidade.
- 🔍 Valide compatibilidades: sistemas testados e certificações na mesma ficha.
- 👥 Forme a equipa: guias curtos e rotinas semanais de atualização.
| Ator 👤 | Benefício direto 🎯 | Funcionalidade Datachek 2.0 🧠 | Impacto em obra 🚧 |
|---|---|---|---|
| Projetista | Especificação consistente ✅ | Catálogo ETIM + Passaporte Digital | Menos RFIs e revisões |
| Distribuidor | Pedidos sem erros 📦 | Listas de produtos harmonizadas | Entregas certeiras e sem devoluções |
| Construtor | Sequência de obra clara 🗓️ | Versionamento e compatibilidades | Menos paragens e retrabalho |
| Dono de Obra | Transparência de custo e carbono 💶🌍 | Desempenho ambiental e EPD | Escolhas com retorno e rastreabilidade |
Este movimento é também cultural: mais Digital, mais Sustentável e mais Proximidade. Plataformas como o Ecopassivehouses.pt consolidam conhecimento e partilham soluções testadas em obra, acelerando a curva de aprendizagem do setor.
Quando dados circulam sem ruído, o projeto foca-se na qualidade espacial e no desempenho. É aí que o valor acontece.
Edição 213 — Materiais ecológicos e construção de baixo impacto: da cortiça ao betão de baixo carbono
Materiais não são neutros: carregam energia incorporada, emissões e comportamento higrotérmico que molda o conforto. O portefólio certo reduz carbono, melhora durabilidade e facilita manutenção.
A cortiça destaca-se como isolante renovável, com excelente desempenho acústico e resistência à humidade. Em paredes interiores, o reboco cal‑cânhamo equilibra difusão de vapor e inércia térmica. Para estrutura, a madeira engenheirada (CLT/GLT) combina leveza e fixações reversíveis, contribuindo para a circularidade.
Escolher com base em dados
As EPD e o Passaporte Digital permitem comparar impactos com rigor. Betões com adições (cinzas volantes, filler calcário) atingem reduções de 30–50% de CO₂ face a misturas convencionais. Tintas de baixo COV melhoram a qualidade do ar, enquanto pavimentos reciclados fecham ciclos sem sacrificar estética.
Em reabilitação, a regra de ouro é preservar o que existe e melhorar ponto a ponto. Intervenções não intrusivas e reversíveis respeitam o edifício e o orçamento. A compatibilidade entre camadas é decisiva: barreiras de vapor nos sítios certos e sistemas certificados evitam patologias.
- 🌱 Cortiça expandida: isolamento térmico e acústico com pegada baixa.
- 🪵 CLT/GLT: estrutura leve, montagem rápida e desmontável.
- 🧱 Cal‑cânhamo: regulação higrométrica e conforto de verão.
- 🧪 Betão LC: substituição parcial de clínquer para menos CO₂.
- 🎨 Tintas baixo COV: ar interior mais limpo.
| Material 🧰 | λ (W/m·K) 🔥 | CO₂e incorporado 🟩 | Comportamento à humidade 💧 | Notas 📝 |
|---|---|---|---|---|
| Cortiça | 0,037–0,040 | Baixo/negativo 🌳 | Boa difusão; resistente | Origem renovável, produção local |
| CLT | ≈0,12 | Armazenamento de carbono 🌲 | Higroscópico | Exige detalhes contra humidade ascendente |
| Cal‑cânhamo | 0,07–0,10 | Baixo 🪴 | Regulação de vapor | Excelente conforto de verão |
| Betão baixo carbono | — | −30% a −50% 🧯 | N/A | Misturas com adições e cimentos CEM II/III |
Num projeto em Bragança, a combinação de CLT em pisos superiores e betão de baixo carbono na cave reduziu o peso estrutural e as emissões. Acabamentos minerais respiráveis mantiveram a humidade sob controlo sem recurso a barreiras agressivas.
Pergunta útil: que camadas não são necessárias? Remover o supérfluo é, muitas vezes, a medida mais ecológica.
Edição 213 — Comunidade, proximidade e cultura energética: do jantar setorial à literacia em casa
Mudanças duradouras acontecem quando a comunidade participa. No setor, encontros técnicos e celebrações fortalecem redes que sustentam a inovação. O tradicional Jantar de Natal do comércio de materiais em Aveiro, com visita a instalações de referência como as da Saint‑Gobain, reforça essa cultura de colaboração e partilha.
Em casa, o espírito é idêntico. Famílias que combinam hábitos inteligentes com tecnologia alcançam reduções sólidas. Um “Serão da Energia” no condomínio — duas horas a rever faturas, regular termóstatos e planear investimentos — desbloqueia decisões informadas.
Literacia que paga a si própria
Treinar olhar para o consumo mensal e para o perfil horário ajuda a perceber picos e ociosidades. Agendar máquinas para horas solares, baixar 1°C no aquecimento, selar frestas com fitas e instalar arejadores de torneiras traz retorno rápido e tangível.
Ferramentas digitais ajudam. Aplicações de monitorização, tomadas com medição e plataformas de conhecimento como o Ecopassivehouses.pt dão-lhe guias claros, checklists e casos reais, sem promessas mágicas.
- 🗓️ Serão da Energia: agenda mensal de 60–90 minutos para revisar consumos.
- 🧼 Lavagens a 30–40°C: menos kWh, mesma eficácia na maioria das cargas.
- 🌡️ −1°C no aquecimento: poupanças até 7% sem perder conforto.
- 🪟 Vedantes e cortinas: custos baixos, ganhos notórios no inverno.
- 🔌 Desliga stand‑by: tomadas com corte programado para TV/router à noite.
| Ação 🏁 | Poupança estimada 📉 | Custo 💶 | Dica prática 💡 |
|---|---|---|---|
| Agendar máquinas nas horas solares | +15–25% autoconsumo ☀️ | 0 | Use “programação diferida” |
| Regular termóstato −1°C | ≈5–7% aquecimento ❄️ | 0 | Combine com vestuário térmico |
| Vedantes em caixilharia | 3–5% aquecimento 🧱 | Baixo | Foco em vãos predominantes a norte |
| Arejadores e chuveiros eficientes | 20–40% AQS 🚿 | Baixo | Procure caudal 6–9 L/min |
| Tomadas com medição | Identifica 5–10% de desperdícios 📊 | Médio | Corte noturno automático |
No final, a energia mais barata e limpa é a que não se consome. Reúna a família, estipule três ações para esta semana e coloque um lembrete no calendário — pequenas vitórias constroem grandes mudanças.
Source: www.apcmc.pt


