Portugal subiu três lugares no Índice de Desempenho das Alterações Climáticas (CCPI 2026) divulgado na COP30, em Belém, e ocupa agora o 12.º lugar — na prática, o 9.º, já que os três primeiros lugares continuam vagos por nenhum país estar alinhado com 1,5°C. Este avanço confirma um percurso consistente, mas ainda com desafios claros, sobretudo nos transportes.
Se procura orientação rápida, o quadro seguinte resume o essencial e aponta caminhos práticos que pode aplicar na sua casa, no seu prédio e na sua comunidade.
| Peu de temps ? Voici l’essentiel : ⏱️ |
|---|
| ✅ Portugal sobe para 12.º no CCPI 2026 (equivalente a 9.º), com avaliação alta em emissões de GEE, mas média em uso de energia, renováveis e política climática ⚖️ |
| ✅ Transporte é o ponto crítico: emissões cresceram ~7% em 2023 e já representam ~29% do total nacional 🚗 |
| ✅ Preço de carbono e fim de subsídios fósseis são decisivos para acelerar a descarbonização e dar previsibilidade aos investimentos 💶 |
| ✅ Em casa e no condomínio: isolamento, janelas eficientes, bombas de calor e fotovoltaico reduzem custos e emissões de forma rápida e mensurável 🏡🔋 |
COP30: Portugal Avança Três Posições no Índice de Desempenho Climático e Alcança o 12.º Lugar — O que muda na prática
O CCPI avalia 63 países mais a União Europeia, cobrindo cerca de 90% das emissões globais. A subida portuguesa reflete progresso na mitigação, um perfil de emissões per capita em queda e políticas que começaram a dar frutos no sistema elétrico. Contudo, o painel continua exigente: os três primeiros lugares permanecem vazios porque nenhum país cumpre plenamente a trajetória de 1,5°C.
Entre os líderes, a Dinamarca mantém a dianteira graças à política climática coerente e ao impulso das renováveis offshore. O Reino Unido sobe para o 5.º lugar após concluir a eliminação do carvão, embora precise acelerar o ritmo de renováveis onshore e armazenamento. Em 6.º, Marrocos mostra emissões per capita muito baixas, investimento robusto em transportes públicos e uma nova meta climática para 2035, reforçando a ambição regional.
Portugal recebeu avaliação elevada em emissões de gases com efeito de estufa, e classificação média em uso de energia, renováveis e política climática. O recado é claro: a direção é certa, mas é necessário mais consistência — especialmente no preço do carbono e na eliminação faseada de subsídios aos combustíveis fósseis.
Para tornar isto palpável, considere a metáfora de uma casa: a estrutura (o sistema elétrico) está sólida e cada vez mais limpa; porém, as perdas de calor (consumo final ineficiente) e os hábitos de mobilidade (transporte rodoviário fóssil) ainda “vazam” energia e aumentam a fatura ambiental. Alinhar estes elementos representa a diferença entre um 12.º lugar e um top-5 real.
Ranking em foco e leitura rápida
Uma leitura comparativa ajuda a contextualizar o avanço português. A seguir, um retrato sintético de posições e sinais-chave destacados por organizações independentes que acompanham o CCPI.
| País 🌍 | Posição CCPI | Sinal-chave 🔎 |
|---|---|---|
| Dinamarca | 1.º | Política climática estável e foco em eólica offshore 🌬️ |
| Marrocos | 6.º | Emissões per capita baixas e transportes públicos fortes 🚆 |
| Reino Unido | 5.º | Carvão eliminado; renováveis precisam acelerar ⚡ |
| Portugal | 12.º (efetivo 9.º) | Emissões em queda; transportes ainda a subir 🚗 |
- 🌟 Interpretação correta: o 12.º lugar confirma progresso, mas evidencia margem clara em eficiência e mobilidade.
- 🚦 Prioridade imediata: estabilizar o sinal de preço do carbono para orientar investimentos certos.
- 🧭 Objetivo prático: alinhar metas nacionais com 1,5°C, traduzindo-as em projetos locais visíveis.
Insight final: subir no ranking é consequência; a causa chama-se consistência — na lei, no preço do carbono e nas decisões do dia a dia.

CCPI 2026: Por que Portugal subiu três posições e onde ainda falta acelerar
O avanço português deve-se a uma combinação de fatores: maior quota de renováveis no mix elétrico, encerramento de centrais a carvão e programas que impulsionam a reabilitação energética de edifícios. A isto soma-se uma cultura crescente de autoconsumo com fotovoltaico e a substituição de caldeiras por bombas de calor. O resultado é um perfil de emissões mais limpo, principalmente no setor da eletricidade.
Apesar destes sinais positivos, o CCPI classifica o país como médio em renováveis e uso de energia. A tradução prática: a produção elétrica progrediu, mas o consumo final — edificações, indústria leve e mobilidade — ainda consome energia em excesso e, muitas vezes, de fontes fósseis. A política climática, por sua vez, foi avaliada como média devido a alguma inconsistência no preço do carbono e à permanência de subsídios e isenções aos combustíveis fósseis.
Há também um ponto de atenção fiscal e regulatório: a redução recente de impostos sobre produtos petrolíferos enfraqueceu o sinal económico necessário para orientar a transição. Setores intensivos, como refinação de petróleo e cimento, precisam de previsibilidade para investir em tecnologias de baixo carbono. Sem um preço de carbono estável e crescente, o investimento atrasa.
Três motores de progresso que já funcionam
O que está a resultar merece ser escalado. Em várias cidades, cooperativas energéticas instalaram painéis fotovoltaicos em telhados de escolas e juntas de freguesia, diminuindo custos operacionais e emissões. Programas de apoio a janelas eficientes e isolamento térmico têm reduzido perdas, melhorando o conforto em apartamentos antigos sem alterar fachadas históricas.
Na indústria, uma parte da produção cerâmica e alimentar migra para calor elétrico e biomassa sustentável, com prazos de retorno entre 4 e 7 anos quando combinados com gestão ativa de energia e armazenamento térmico.
| Categoria 🔍 | Avaliação CCPI | Mensagem prática 💡 |
|---|---|---|
| Emissões de GEE | Alta ✅ | Setor elétrico mais limpo puxa o indicador 📉 |
| Uso de Energia | Média ⚖️ | Eficiência em edifícios e mobilidade ainda aquém 🏢🚗 |
| Renováveis | Média ⚖️ | Boa base; precisa acelerar onshore, solar distribuído e armazenamento ☀️🔋 |
| Política Climática | Média ⚖️ | Preço de carbono e fim de subsídios fósseis são chave 💶 |
- 🧱 Edifícios: priorize isolamento de coberturas e fachadas, janelas classe A+ e estanquidade ao ar.
- 🌞 Energia: autoconsumo fotovoltaico com microarmazenamento para reduzir picos.
- 🔥 Climatização: bombas de calor bem dimensionadas e controlo inteligente.
- 🗺️ Planeamento: auditorias energéticas simples para identificar “vitórias rápidas”.
Insight final: consolidar a subida exige duplicar a velocidade das soluções que já provaram funcionar no terreno.
Transporte e preço do carbono: o calcanhar de Aquiles que pode transformar o 12.º em top‑5
As emissões do transporte continuam a subir, com crescimento de cerca de 7% em 2023 e participação de aproximadamente 29% do total nacional em 2022. A solução não é uma única bala de prata, mas um pacote coerente: mobilidade elétrica a ganhar escala, transporte público fiável, redes cicláveis seguras, logística urbana de emissões zero e um sinal de preço do carbono estável que favoreça escolhas limpas.
A consistência fiscal é decisiva. Quando o preço dos combustíveis fósseis é artificialmente amortecido, perde-se a bússola que orienta famílias e empresas a investir em soluções mais eficientes. Ao mesmo tempo, subsídios e isenções prolongam dependências e adiam a inovação. Uma política que alinhe incentivos, tarifas e metas mensuráveis cria confiança — e é isso que acelera a mudança.
Medidas concretas com efeito rápido
Nas cidades, corredores BUS contínuos e prioridade semafórica aumentam a velocidade comercial dos autocarros, reduzindo tempos de viagem e emissões. Para empresas, a conversão de frotas de última milha para veículos elétricos elimina ruído e poluição onde as pessoas vivem. Em zonas metropolitanas, parques dissuasores bem conectados e passes integrados tornam o transporte público a escolha lógica.
No plano nacional, a eletrificação ferroviária, a modernização dos serviços regionais e a reativação de linhas com potencial de carga aliviam rodovias e reduzem custos logísticos. A experiência de Marrocos com corredores rápidos e a de países nórdicos com bicicletas-cargo mostram que escalas diferentes podem produzir resultados somados.
| Medida 🚀 | Impacto estimado 📉 | Prazo ⏳ | Comentário 🧠 |
|---|---|---|---|
| BUS + prioridade semafórica | +15–25% passageiros; -10% emissões urbanas | Curto | Baixo custo, grande efeito de rede 🚌 |
| Frota de última milha elétrica | -100% emissões locais; -50% custos operacionais | Curto | Modelos viáveis em centros históricos 🚚🔌 |
| Ferrovias regionais modernizadas | -20–30% emissões interurbanas | Médio | Exige coordenação com logística de carga 🚆 |
| Preço de carbono estável | Alinha investimentos e acelera renovação de frotas | Médio | Evitar recuos fiscais mantém a confiança 💶 |
- 🚲 Para si: experimente uma “semana elétrica” com bicicleta de carga partilhada ou passe mensal — há ganhos imediatos.
- 🔌 No condomínio: instale pré‑cablagem para carregamento em garagem; aumenta valor do imóvel.
- 📊 Na empresa: meta anual de renovação da frota e telemetria para reduzir quilómetros vazios.
- 🛑 Evite: depender de incentivos sem calendário estável; planeie com horizonte de 5–10 anos.
Organizações independentes estimam que uma ação mais eficaz em setores-chave como os transportes pode poupar 16 mil milhões de euros até 2030 e evitar mais de 1.300 mortes prematuras por ano — números com impacto humano e económico difícil de ignorar.
Ao passar das intenções para projetos concretos com cronogramas e metas públicas, o transporte deixa de ser calcanhar de Aquiles e passa a ser vantagem competitiva urbana.
Casas eficientes e energia limpa: como o seu lar pode consolidar o bom desempenho de Portugal
O setor residencial é uma alavanca silenciosa. Edifícios bem isolados, bombas de calor eficientes e solar fotovoltaico reduzem consumo e protegem orçamentos familiares contra a volatilidade energética. Em Portugal, a arquitetura tradicional oferece oportunidades: paredes espessas, pátios e sombreamentos que, com pequenas melhorias, conseguem um conforto notável com menos energia.
Considere o caso de “Sara e Miguel”, num T3 dos anos 90, em Braga. A troca de janelas para classe A+, o isolamento de cobertura e a instalação de uma bomba de calor de 5 kW, combinada com 3,6 kWp de fotovoltaico, cortou a fatura elétrica em mais de 40% e reduziu quase a zero o uso de gás. O retorno veio em 6–7 anos, acelerado por hábitos simples como ajustes de termóstato e cortinas térmicas.
Passos práticos para qualquer tipologia
Quer viva num apartamento ou numa moradia, a sequência importa: primeiro reduzir perdas, depois otimizar equipamentos e, por fim, produzir energia localmente. Esta ordem maximiza o efeito de cada euro investido e evita sobredimensionamentos dispendiosos.
| Intervenção 🛠️ | Redução típica 🔽 | Payback médio 💶 | Dica de obra 🧰 |
|---|---|---|---|
| Isolamento de cobertura | 15–25% consumo | 2–4 anos | Evite pontes térmicas em remates 🧱 |
| Janelas A+ e estanquidade | 10–20% consumo | 5–8 anos | Teste blower door quando possível 🌀 |
| Bomba de calor | 30–60% face a caldeira | 4–7 anos | Dimensione pelo carga térmica real 📐 |
| Solar FV + microarmazenamento | 20–40% fatura | 5–9 anos | Otimize orientação e sombreamentos ☀️ |
- 🧭 Sequência vencedora: vedar → isolar → substituir equipamentos → produzir energia.
- 📱 Controlo: termóstatos programáveis e monitorização em tempo real evitam desperdícios.
- 🤝 Condomínios: comunidades de energia para alimentar serviços comuns (elevadores, garagens).
- 📚 Recursos: encontre guias e checklists em Ecopassivehouses.pt para planear a obra.
Num país com sol abundante e invernos moderados, casas eficientes são a forma mais direta de transformar ambição climática em conforto diário e contas mais leves.
Quando o lar se torna eficiente, cada kWh poupado é uma vitória que se repete todos os meses — e isso conta no CCPI.
Portugal no CCPI em perspetiva internacional: lições da Dinamarca, Marrocos e do G20
O retrato global do CCPI 2026 revela contrastes. Apesar do impulso positivo europeu, muitos países do G20 exibem desempenho muito baixo. À exceção do Reino Unido, dez economias-chave permanecem na cauda, o que atrasa a trajetória planetária de 1,5°C e pressiona todos os restantes a fazer mais.
A China, maior emissor mundial, subiu para o 54.º lugar, ainda muito abaixo do necessário. A Índia sofreu uma das maiores quedas e está agora no 23.º, penalizada por emissões e consumo energético crescentes e pela ausência de um plano concreto para sair do carvão. Os Estados Unidos caíram oito posições e ocupam o terceiro lugar a contar do fim, logo atrás da Rússia. Os últimos lugares pertencem à Arábia Saudita e ao Irão, grandes produtores de petróleo e gás. O Egito registou a maior queda individual, descendo 18 posições para 38.º.
Como se posiciona Portugal num cenário destes? A resposta combina realismo e oportunidade. A manutenção de um desempenho alto depende de reforçar políticas coerentes, acelerar renováveis com armazenamento e proteger a competitividade industrial com eficiência e eletrificação. O exemplo dinamarquês mostra que estabilidade regulatória e foco em offshore criam um círculo virtuoso. A abordagem marroquina nos transportes públicos revela que investimentos alinhados com a procura geram ganhos contínuos em mobilidade e clima.
Comparar para aprender, adaptar para liderar
Comparações só fazem sentido quando inspiram ação. Em vez de copiar modelos, importa adaptar soluções ao território, ao clima e à malha urbana portuguesa. A ligação entre litoral denso e interior disperso pede estratégias diferenciadas: hubs ferroviários e BRT no litoral, soluções partilhadas e eficiência em edifícios no interior.
| País/Bloco 🌐 | Posição CCPI | Lição útil 📘 |
|---|---|---|
| Dinamarca | 1.º | Regulação estável + eólica offshore = investimento contínuo 🌬️ |
| Marrocos | 6.º | Transportes públicos fortes e metas 2035 ambiciosas 🚆 |
| Reino Unido | 5.º | Saída total do carvão; foco agora em renováveis onshore ⚡ |
| Portugal | 12.º (efetivo 9.º) | Consolidar eficiência e mobilidade limpa para subir mais 🏙️ |
| G20 (vários) | Muito baixo | Necessidade urgente de planos credíveis e preço de carbono 💶 |
- 🧩 Adaptação inteligente: soluções nórdicas funcionam se combinadas com o nosso clima e densidades.
- ⚖️ Transição justa: qualifique profissionais e proteja rendimentos em setores intensivos.
- 🏗️ Indústria: eletrificação do calor, hidrogénio verde onde fizer sentido, e eficiência como primeira medida.
- 📈 Métrica pública: metas anuais transparentes criam confiança e alinham investimentos.
Portugal tem capital humano, vento e sol: transformar estes recursos em liderança estável depende de coerência política e execução técnica paciente.
Source: www.rtp.pt


